21 de ago. de 2008

Gestão de Pessoas Escola Universidade sala de aula: o trágico futuro de Michael Phels

Um dos maiores desafios das organizações hoje é lidar com pessoas. Há muitos anos ouvimos frases do tipo “é duro lidar com o ser humano” (Deus que o Diga!), mas hoje essa frase é cada vez mais presente nas organizações. Não deveria ser assim, mas é.

Peter Drucker disse que as organizações seriam o futuro da humanidade, pois superariam o modelo fabril de produção. No modelo fabril (modelo de fábrica) as pessoas não são mais do que peças de um engrenagem maior. É o velho modelo Newtoniano de mundo: a metáfora do mundo como um relógio. E sendo assim, tudo passou a ser mecanizado e rotinizado.

A ascensão das organizações, afirmava Drucker, acabaria com isso. Nas organizações as pessoas seriam o centro do processo produtivo (e não mais as maquinas) daí a sua frase: o maior capital que uma empresa tem são as pessoas que trabalham nela. Mas, ainda hoje muitas fábricas de modelagem querem se passar por organizações de aprendizagem. Na organização se aprende, mas na fábrica se é modelado. Na fábrica o padrão modelar é valorizado, mas na organização a diversidade criativa é o almejado. Uma vive de criar pessoas padronizadas outra vive de criar pessoas que geram novas tendências.

Mas, de todas as organizações que buscam se mostrar como organizações de aprendizagem (mas de fato são fabricas modelares) não há outra igual a escola. Tivemos uma revolução na informática, tivemos uma revolução nas empresas, uma revolução social e econômica, mas a escola continua a mesma de antes da Revolução Francesa em 1789. Continuamos a ter professores e alunos hierarquicamente delimitados. Mas, tivemos ganhos sociais importantíssimos como a democracia que nos permitiu (se não contestar a escola) ao menos não idolatrá-la.

Veja como isso foi um ganho enorme para todos no caso do recordista mundial de todas as Olimpíadas (que nome pomposo) chamado Michael Phelps. Em entrevista a agencia Reuters a mãe do fenômeno (esse título era do Ronaldinho, mas agora ele perdeu) declarou:

Quando Michael Phelps era garoto, a professora da escola primária disse à mãe de seu aluno que ele nunca seria capaz de fazer nada importante, porque era incapaz de se concentrar. Quando Phelps ganhou a primeira de suas 14 medalhas de ouro, em Atenas-2004, ele lembrou dessas palavras no pódio, ouvindo o hino nacional norte-americano. A despeito de ter sido diagnosticado com transtorno de déficit de atenção por hiperatividade quando tinha 9 anos, Phelps provou que sua professora estava espetacularmente errada.

Imagina isso! Uma instituição que tem a função de formar pessoas para sociedade tem um “gerente” que diz isso para quem precisava escutar exatamente o contrário: olha meu filho você tem uma deficiência, mas vamos arrumar algo para você em que ela não seja um empecilho na sua vida. Não, mas um individuo que é responsável por crianças diz: olha você não tem futuro. Não vai ser nada na vida! Desista. Graças a Deus a mãe de Michael Phelps se fez de surda e exerceu seu direito de não aceitar a escola como a única via. Enquanto os professores usavam o jargão escolar para definir o comportamento superativo do seu filho (desobediente, agitado, inquieto, atrapalhado, burro, zé ruela, sem futuro etc) ela buscou entendê-lo com outros olhos.

Entendeu suas deficiencias, mas viu suas qualidades. Entendeu que ele não se enquadrava em uma sala de aula, mas havia um outro ambiente onde ele era muito bom: a psicina. A mãe de Phelps entendeu que o mundo é muito (muito, muito, muito, muito...) maior do que a escola. Da mesma forma entendeu que seu filho era muito (muito, muito, muito...), maior do que um pedaço de papel com números ou letras azuis ou vermelhas.

"Ele era um garotinho com muita energia, sempre perguntando 'Por que estamos fazendo isso? Quando vamos fazer isso? O que vamos fazer depois?"', disse Debbie, mãe do atleta, à Reuters, em uma entrevista. "Desobediente não é uma palavra que eu possa usar. Ele era voluntarioso, inventivo", comentou. "Definitivamente o esporte canalizou muito dessa energia." Por conta do próprio Phelps, desobediente é uma palavra que algumas pessoas poderiam usar.


Veja bem, estas qualidades são qualidades de uma pessoa. Ela olhou a pessoa do seu filho pelo prisma do desenvolvimento humano e não pelo prisma de uma fabrica modeladora que busca sempre padronizar comportamentos. Quantos Michael Phelps não foram “assassinados“ em sala de aula? Quantos Michael Phelps não foram esmagados por condenações sumárias como essa? Quantos não foram torturados com palavras “você nunca vai ser nada na vida porque esta fora dos padrões”. Eu sou professor e sei que isso realmente acontece com mais freqüência do que gostaríamos de admitir...

Muitas organizações (que na realidade são fábricas) agem da mesma forma. Esmagam seus melhores talentos porque eles não tem um diploma ou não fizeram um MBA na área em questão. Não ter conhecimento técnico em um determinado sistema padronizado não significa necessariamente ausência de conhecimento. É preciso ver a prática para saber se a teoria foi bem aprendida. Mas, voltando as escolas é preciso que estas saiam um pouco do conceito de "gestão escolar" para adentrar na "gestão de pessoas" para não correrem o sério risco de estarem matando Michael Phelps em suas salas de aula.

Quem ganha com isso são as indústrias farmacêuticas que vendem remédio contra depressão como água. Hoje até crianças viraram consumidoras de remédios! Mas, ainda há esperança para todos. Enquanto faz a revolução dos fracassados na sala de aula na piscina a mãe dele faz a revolução na internet através do Facebook onde criou um grupo de discussão sobre crianças hiperativas rejeitadas.

http://br.esportes.yahoo.com/china2008/noticias/21082008/5/esportes-professora-primaria-phelps-previa-futuro-dificil-ele.html

Resumindo: que trágico seria o futuro de Michael Phelps se ele (ou a mãe dele) tivesse escutado a professora.

Obs: e quando a reportagem diz: “até a professora” isso nos diz (a nós professores) que todos tem o direito de desacreditar de um determinado aluno menos nós (professores) porque além de sermos pagos para isso (para acreditar no aluno) somos ainda seus olhos para o mundo por décadas a fio...

Um comentário:

  1. e agora é só olhar para ele... o ano passado conclui a faculdade e tornou-se no melhor nadador de sempre! essa professora nunca mais vai dizer nada parecido a ninguém lol

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